segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Mais uma dose.



Espero o analista chamar, feito quem espera o garçom trazer o pedido. O divã é como uma xícara vazia, depende das minhas falas para ter alguma bebida. Amarga ou doce, não costumo adoçar. Ao longo das sessões, vou adquirindo intimidade no preparo dos chás, cafés ou deixo fermentando na tentativa deixar as doses no ponto em que o estômago ou a mente aguentem. Geralmente sou dispensada antes mesmo do último gole. Desse jeito, a sessão é sempre interrompida quando ainda está quente. Além de ter que preparar e pagar pela bebida, ainda tenho que ir embora sem tomar tudo. Por sempre deixar um pouco pra trás e ter que lidar com isso que fica lá, isso que se perde, isso que nunca vai ser exatamente do jeito que se espera, é que eu volto na próxima semana, não apenas para preparar novos drinks, mas para acertar as contas de quanto irei beber.

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